A vida é feita de medida, de altura, de
comprimento, de largura, de fundo, de vazio, de cheio. Parece que tudo é para
ser colocado dentro ou para ser colocado fora. É uma questão de lata. Cada lata
carrega um conteúdo, um produto. Não importa se o produto é líquido, gasoso,
poroso. O que não pode é haver confusões das latas. A lata do político não pode
ser confundida com a lata do poeta, como também a lata do filósofo não pode ser
confundida com a lata do economista, e assim por diante. Não pode haver
confusões de latas para não confundir os conteúdos contidos em cada lata. Na
lata do poeta só se contem metáforas e na lata do filósofo há conceitos. A lata
do político contém projetos, e a lata do economista, dinheiro. Por isso, não
tente colocar dentro da lata do poeta, dinheiro. Deixe só a metáfora dentro da
lata do poeta e meta fora o que não é conteúdo da poesia. Coloque na lata do poeta
o fora da metáfora. O dentro e o fora podem caber em ambas as latas, mas não
tente pôr dentro das latas o que é metáfora. Só meta fora o que não é conteúdo
da metáfora. A metáfora é o aproveitamento do que fica dentro e do que fica
fora. Na vida é preciso a metáfora para pôr fora aquilo que não serve para a
existência. Então meta fora o que não serve para a vida, mas não jogue fora a
metáfora da vida.
Pe. José André da Costa, msf